Sobrevivendo à noite escura da alma | A experiência de Carlos

Como lidei com os sentimentos de que “tudo não tem sentido”?

Bem, foi um momento complicado para mim e para os amigos que estavam ao meu redor, porque ninguém, nem mesmo o padre, sabia o que estava acontecendo comigo naquele dia do meu despertar espiritual.

Internamente, eu estava “alternando mentalmente” entre mim e um alter ego, pois precisava “desaparecer meu eu – Carlos” para “cumprir uma missão”.

Esse momento gerou grande confusão nas pessoas que estavam ao meu redor, pois, com o passar do tempo, mentalmente eu estava em um estado alterado de consciência, mas as pessoas do lado de fora não sabiam o que estava acontecendo e chamaram os paramédicos.

Como observação, minha experiência com a Noite Escura da Alma me mostrou falhas no sistema médico alemão. Os paramédicos na Alemanha não levarão uma pessoa ao hospital a menos que ela ameace alguém ou sua própria vida, nem estão preparados para pessoas que passam por experiências espirituais. Como eu não estava fazendo nada disso (em “minha viagem espiritual” eu estava falando sobre religião e agindo como Jesus), portanto não estava sendo levado para o hospital, e até que eu agisse e pegasse uma colher e simulasse que estava me “esfaqueando”, os paramédicos ainda estavam lá, e até que eu pegasse uma faca e também agisse como se estivesse me esfaqueando, finalmente eles se moveram e me pararam. Fui levado para um hospital psiquiátrico, onde vivi o resto da minha Noite Escura da Alma e um momento de “minha crucificação” e “minhas iluminações”.

A fase da Morte do Ego e a Noite Escura da Alma, em minha experiência, aconteceram juntas e, para desaparecer a sensação de desesperança, “o ego tem que morrer”.

É por isso que algumas pessoas descrevem que, durante a experiência, têm a sensação de “morrer”, quando na realidade é a ilusão que realmente morre.

Não sei se é a mente, o observador interno ou a alma, mas durante esse processo de despertar, surge um novo estado de consciência.

Ao enfrentar a Noite Escura da Alma, é um momento de permanecer forte e transformar o colapso em avanço.

Na mitologia antiga, especialmente nos grupos indígenas do México, os contos populares mencionavam que as pessoas visitavam o “Mictlan” ou “Inferno” e algumas conseguiam sair dele. Nos tempos modernos, posso dizer que visitar um hospital de saúde mental seria um símbolo semelhante, onde alguns conseguem se levantar e sair do “inferno”. Foi uma questão de entregar a Deus o que é vivido durante a Noite Escura da Alma e resistir ao que o mundo exterior está trazendo, especialmente para os casos que acabam nas chamadas clínicas de saúde mental, onde parece que precisam ser renovadas e incluir experiências espirituais e tratá-las como tal, caso contrário, isso desviará o processo de crescimento espiritual.

Para algumas pessoas, a Noite Escura da Alma se estende por um longo período de tempo, enquanto para mim foi um período de emoções intensas em uma noite.

Alguns dizem que é Deus quem o preenche e faz desaparecer a sensação de desesperança.

Em minha opinião, essas experiências espirituais nos fazem finalmente perceber que uma parte de Deus está dentro de cada um de nós, e percebemos isso especialmente se a glândula pineal for ativada durante essa experiência.

Para as coisas que não podemos controlar, devemos nos render e deixar ir.

Com o tempo, esse vazio e essa lacuna são preenchidos com o autocuidado e o amor que a pessoa dá a si mesma.